História do Gelado

A origem do gelado não é clara, existindo várias versões: há quem diga que vem dos árabes e dos chineses. Os chineses sempre utilizaram o gelo como forma de arrefecer os alimentos.

Daí à invenção do gelado, misturando neve com polpa de fruta, foi um passo. As caves do Palácio Imperial chegaram a ter armazenados mais de mil blocos de gelo. No entanto uma coisa é certa: foram os Árabes que trouxeram o gelado para a Europa. Antigamente o gelado chamava-se ”Sberbeth”, ou seja ”Neve Doce” em árabe, que originou a actual palavra de ”Sorvete”, tratando-se de uma bebida gelada obtida da mistura da neve com mel e sumos de fruta.

Um antepassado do gelado seria conhecido no Antigo Egipto, onde os faraós ofereciam aos seus hóspedes sumo de fruta arrefecido com neve, introduzida numa taça de prata com paredes duplas. Quando, no séc. IV a.C., Alexandre Magno conquistou a Pérsia, foi por sua vez conquistado por um novo sabor: o gelado.

O imperador romano Nero (37-68 d.C.) mandava vir neve das montanhas e combinava-a com frutos frescos. Consta que foi Marco Polo, viajante italiano do séc. XIII, que introduziu na Europa o gelado, uma das maravilhas gastronómicas que tinha conhecido na China. A realeza e a aristocracia logo adoptaram os gelados de fruta como um prato de luxo. A partir dos relatos de Marco Polo, alguns cozinheiros italianos experimentaram novas receitas feitas à base de gelo e leite. A Itália faria assim do gelado uma arte nacional. A cerimónia de casamento de Catarina de Médicis com Henrique II de França durou um mês. Em todos os dias de festa foram servidos gelados de diferentes sabores.

Em 1550, um médico espanhol que vivia em Roma, de seu nome Blasius Villafranca, descobriu que era mais fácil congelar um alimento juntando nitrato de potássio, e mais tarde sal, à neve. Utilizando este método, os florentinos foram os primeiros a produzir gelados em larga escala. A palavra gelado apareceu somente no século XVI ano de 1565 na família Nobil de Medici de Firenze (Itália).

O arquitecto Bernardo Buontalenti, contratado para criar e organizar banquetes de luxo, terá introduzido sobremesas geladas feitas comzabaglione e frutos. Na verdade, Buontalenti é o autor das casas de gelo nos arredores de Florença, destinadas à venda de gelo e neve ao público, sendo responsável pelo consumo de gelo, mas não pela invenção do gelado. Nos séculos XVII e XVIII, os europeus começaram a experimentar vários sabores nos gelados, mesmo sem métodos de refrigeração muito desenvolvidos. Desde côdeas de pão a queijo ralado, de flores de laranjeira a espargos, tudo era gelado, moldado e servido com requinte. Nos EUA o gelado rapidamente alcançou o estatuto de alimento nacional. Para tal terá contribuído a preferência do primeiro presidente norte-americano, George Washington, que servia gelado nos jantares presidenciais de quinta-feira. Consta, mesmo, que Washington comprou uma máquina para fazer gelados de baunilha.

Outro presidente norte-americano, Thomas Jefferson, que tinha redigido a Declaração da Independência em 1776, também apreciava esta sobremesa. Tendo provado gelados em França, onde foi secretário de Estado, aproveitava qualquer ocasião para servi-los aos seus convidados na sua mansão de Monticello, na Virgínia. “A neve dá ao creme uma consistência delicada, mas o gelo é o mais poderoso congelador e dura mais tempo”, terá ele comentado.

O gelado de cone foi inventado na Exposição Mundial de Saint Louis, em 1904. A história já é lenda nos Estados Unidos: a namorada de um vendedor de gelados enrolou o seu gelado numa bolacha, para o impedir de pingar, à semelhança do ramo de flores que tinha recebido do dito vendedor.

O gelado em Portugal

O gelado terá chegado a Portugal na época da dinastia filipina. Faziam sucesso as bebidas nevadas, embora fosse difícil e caro trazer neve da Serra da Estrela para a corte em Lisboa. Por volta de 1715, já D. João V reinava, havia inúmeros fabricantes de gelado na capital portuguesa.

O mercado de gelados em Portugal não dispunha de quaisquer regras, até que no ano de 1958 foi publicada a primeira legislação. Os poucos comerciantes de gelados, que até então faziam os gelados em casa, ou em pequenas áreas, para cumprir a lei, tiveram de requerer alvará. A partir de 1958 foi também proibida a venda ambulante de gelados em "barquilho" (gelados avulso), permitindo apenas gelado embalado. Como consequência desta legislação, iniciou-se o fabrico manual do gelado de pauzinho.

Curiosidades sobre o gelado

Até o século XIX, o sorvete era considerado alimento de gente rica. As damas da nobreza chegavam a brigar entre si (puxar o cabelo e sair na unha), porque uma roubava da outra o mestre sorveteiro. O inventor da máquina de sorvetes foi o florentino Procópio Coltelli, que abriu em 1660 a primeira sorveteria de Paris (o Café Procope), ainda hoje o estabelecimento mais antigo da cidade. Diz a lenda que Carlos I, da Inglaterra (marido da neta de Catarina), pagava uma pensão vitalícia a seu sorveteiro exclusivo, com a condição de que ele não revelasse a receita para ninguém. Seus sorvetes, em forma de ovo, tinham a casca de baunilha e a gema de framboesa.

Gelado e saúde

Não volte a sentir-se culpado/a por comer um gelado, nem ligue à velha máxima “dois minutos na boca, dois anos nas ancas!”. Um gelado sabe bem, dá energia e até fornece vitaminas e minerais. A pedido da Associação Nacional dos Industriais de Gelados Alimentares (ANIGA), a Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto (FCNA-UP) elaborou um estudo orientado por Olívia Pinho, em que foi analisada a composição nutricional de vários gelados.

Conclusão: É possível comer diariamente um gelado desde que integrado numa dieta alimentar equilibrada que integre legumes, sopa e frutas!

O estudo analisa os vários gelados existentes no mercado: de nata, de leite, de aromas, de fruta, de água ou sorvete, além da categoria light que inclui os gelados com menos 30% do teor calórico original. Todos eles são ricos em hidratos de carbono. Mas, apesar do elevado teor de lípidos/gorduras (até 10,g por cada 100 g), que fornecem energia, os gelados também podem conter minerais como o cálcio, fósforo, sódio, potássio e magnésio. Entre as vitaminas, está a B1, B2, B3, A e D.

A ANIGA garante que a indústria tem apostado na melhoria do valor nutricional, através da redução de gordura e açúcar, principalmente na gama de produtos destinados às crianças. A informação aos consumidores através do rótulo e o investimento em novas tecnologias, como a da congelação da fruta, são outros esforços realizados pela indústria para garantir melhores e mais saborosos gelados para todos.

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